Poema para a Mãe do Mundo

04-05-2025


A Mãe sentiu um poema cheio de nuvens brancas. 

E deu-o cantando à criança faminta.

Desenhou na sua inocência a palavra perdão 

e deu à canção o recomeço da vida. 


 Um poema de olhos virgens 

que arranca ideias como se arrancam as flores 

para dar à Mãe num qualquer domingo ou dia. 

Ela disse-lhe para cantar assim: 


No passeio leve da nuvem branca,

leve e branca a água que era e que será. 

Sempre tive o dom de perdoar,

A Mãe ensinou-me o caminho para o mar. 


 E sem jamais entender o que era o perdão, 

no ciclo da água e no ciclo da vida, 

a criança foi oferecendo flores ao mundo enquanto crescia. 

À noite, guardava o dia na melodia das nuvens brancas 

e era Ela que lhe fazia as contas com a lei da impermanência. 


Azul era o vestido da Mãe 

e branca ficou aquela sensaçâo que perdoa, 

tão leve que tão fácil sempre se desfez no céu, 

sem saber sequer como se perdoa. 


E assim no canta a Mãe do Mundo, a cada dia e a cada momento. 


Ana Maria Pinto 4 de Maio de 2025